Podemos escutar?

Podemos escutar?

Nós, humanos, sempre sentimos curiosidade por decifrar mensagens de antigas civilizações, que deixaram escritas em tumbas, cavernas ou pedras. Hoje, estamos novamente procurando mensagens de uma antiga e exótica civilização, desta vez distante de nós não apenas no tempo, mas também no espaço. Então, nos perguntamos: já temos a capacidade de escutar se alguém, na imensidão do universo, está tentando se comunicar conosco?

Algumas das 42 antenas do Allen Telescope Array, um radiotelescópio utilizado para buscar sinais de rádio de civilizações alienígenas. Créditos: SETI Institute

Se recebermos uma mensagem de rádio de uma civilização extraterrestre, como será possível compreendê-la? A inteligência extraterrestre seria elegante, complexa, integralmente consistente ou totalmente estranha? Os extraterrestres podem, naturalmente, ansiar por fazer uma mensagem o mais compreensível possível. Como poderão fazer isso? Haverá, em algum sentido, um tipo de linguagem universal para todos?

Acredita-se que exista uma linguagem comum a todas as civilizações técnicas, não importa se elas são muito diferentes uma das outras. Esta linguagem comum é a ciência e a matemática. As leis da Natureza são as mesmas em todos os locais. Os padrões no espectro das estrelas e galáxias distantes são os mesmos do Sol; as mesmas leis da mecânica quântica que governam a absorção e a emissão de radiação pelos átomos aplicam-se também em todos os locais.

As galáxias distantes, girando uma em torno da outra, seguem as mesmas leis da física gravitacional que governam o movimento de uma maçã que cai na Terra ou a Voyager em seu caminho entre as estrelas. Os padrões da Natureza são os mesmos para todos os referenciais.

Para nos comunicar com outras civilizações, necessitamos de um método adequado não apenas para distâncias interplanetárias, mas também para as interestelares. O ideal seria um método barato, de modo que uma quantidade imensa de informação pudesse ser enviada e recebida a baixo custo; rápido, de modo que um diálogo interestelar seja possível. Surpreendentemente, já temos um método assim. É chamado de radioastronomia.

Nossa civilização conta com radiotelescópios, os quais podem receber ondas de rádio das profundezas do espaço; alternativamente, estes aparatos também podem ser utilizados como transmissores de radar. Com os radiotelescópios, podemos enviar mensagens para o espaço. O que implica dizer que se existir uma civilização técnica nas proximidades de nossa galáxia, estamos prontos para escutá-los e também para falar, ou seja, estamos prontos para começar um bate-papo interestelar.

Adaptado do livro Cosmos de Carl Sagan.

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